Por Dilair
Aguiar
(Esta é uma
obra de ficção - todos sabemos que as pessoas eventualmente citadas JAMAIS
agiriam dessa forma)
A futura bancada do PSDB na Câmara de Vereadores de São Paulo proporá em seu primeiro projeto de lei a criação do Principado do Jardim Paulista, dando autonomia político-administrativa a um dos bairros mais nobres da cidade, no qual o candidato José Serra recebeu 78% dos votos.
“A ideia
surgiu durante as comemorações dos 80 anos da Revolução Constitucionalista de
1932, ao notarmos as semelhanças entre a ditadura varguista e os rumos que o
país vem tomando desde 2002”, revelou em entrevista à imprensa o vereador
eleito Andrea Matarazzo, responsável pela renovação urbanística implantada na
região central do município.
Andrea disse
ter vislumbrado a oportunidade de “tirar o conceito do papel” ao analisar o
Plano de Governo de Fernando Haddad. ”Na página 114, Haddad fala sobre
‘descentralização e valorização das Subprefeituras’; na prática, apenas uma
versão acanhada do que já havíamos pensado. Mas quando a ideia do adversário é
boa, nós não a jogamos fora: a melhoramos e vamos além, ousamos”, destacou.
“Nosso projeto segue a bem-sucedida, mas pouco compreendida, estrutura
jurídico-administrativa mantida durante décadas na África do Sul, pela qual
brancos e não-brancos exerciam sua cidadania com plena liberdade, em áreas
separadas. Como os brancos constituem 92% da população do Jardim Paulista, este
é o caminho natural.”
Indagado se a proposta não seria segregacionista, Andrea argumentou que “em nossos
restaurantes, basta exclamar ‘Joaquim Barbosa’ para ouvir calorosos aplausos.
Eu mesmo dou bom-dia a todos os meus empregados e, durante a campanha, até
apertei a mão daquela gente diferenciada”.
Tradição aliada à modernidade
Sobre o
sistema político a ser adotado, o vereador disse que “incorporamos o bom-gosto
e refinamento dos microestados europeus, como o Principado de Mônaco, onde a
tradição do regime monárquico se alia ao que há de mais moderno nas práticas
fiscais. Um paraíso. É justamente por isso que assumiremos o nome de Principado
do Jardim Paulista”.
Segundo ele,
o modelo de Mônaco – no qual o Executivo é composto por um Príncipe e um chefe
de governo – foi considerado ideal. “Mas antes que nos acusem de recorrermos somente
a fórmulas estrangeiras, adianto que retomaremos um sábio dispositivo da
primeira Constituição brasileira, a de 1824, promulgada por D. Pedro I: o voto
censitário, restrito aos habitantes de maior renda. Assim evitaremos o grande
flagelo da democracia no país, que é a troca do voto por bolsas-esmolas”.
“Nas
eleições do Principado, bastará apresentar o título de eleitor e algum cartão
de crédito internacional, mas Platinum ou acima, pois até mesmo este verdadeiro
certificado do mérito está sendo comprometido pelo Banco do Brasil e Caixa
Econômica Federal”, completou.
Antes de
encerrar a entrevista, Andrea observou que há ainda vários pontos em debate pela bancada, e citou um exemplo: “Discutimos muito se moradores de
bairros próximos, como Higienópolis, poderiam se candidatar ao cargo de Príncipe, até nosso coronel especialista em Direitos Humanos lembrar que foi
um austríaco quem realizou o melhor governo já tido pela Alemanha, resolvendo a
questão”.